Quero entoar uma reza
Com zêlo
Aos anjos que abandonaram suas asas
Aos gestos de desapego
Louvada seja a folha seca
Desmanchando-se sob teus pés
Todas as juras de areia
E tristezas que o tempo desfez
Abençoada a impermanência do instante
A menina debaixo da chuva, errante
Chutando a lua nas poças d’água
E a riqueza despida de mágoa
Penhorando seu diamante
Aos viramundos de coração
Que escreveram seus nomes no leito do rio
Derramaram amores em peito vazio
Agradeço cada tropeço e lição
E ofereço um brinde
Ao esquecimento dessa canção